QUINTA DA REGALEIRA
Serra de Sintra
Património indexado como valor fundamental da Paisagem Cultural de Sintra
Se, em Sintra, o cottagge Sasseti foi o primeiro cenário traçado por Manini, encontramos o seu grande cenário operático na Quinta da Regaleira que Carvalho Monteiro adquiriu, em 1892, à baronesa da Regaleira. Ali, como arquiteto, Luigi Manini revelou-se um grande intérprete da ideologia programática de cariz nacionalista do seu mandatário, tendo sido o grande responsável pela permanência das formas decorativas “manuelinas”. E o grande cenário desenhado para a Regaleira de Carvalho Monteiro – inspirado noutros cenários que pintara para o São Carlos, designadamente para as óperas de Wagner– revelou-se na sua plenitude na petrificação da cenografia.
O palacete já bem novecentista, construído em alvenaria de pedra marcou indelevelmente o ocaso do neomanuelino enquanto leit motiv dos revivalismos estilísticos. Acede-se ao “bolo de noiva” – como é vulgarmente conhecido – através de uma entrada sob alpendrada – ornada de grotescos que suportam uma tarja onde se lê Salve –, à qual se sobrepõe um corpo poligonal coroado de pináculos decorados. A este, encontra-se adossado um corpo paralelepipédico onde são evidentes as múltiplas alocuções neomanuelinas, também nas torres que rematam as coberturas desniveladas. No alçado Sul, repete-se a inscrição laudatória na mísula da “Rapariga dos Pombos” – comummente reconhecida como a sua neta primogénita – e nessa mesma parede evoca-se a fundação de Carvalho Monteiro: Casa edificada no ano do Senhor de 1910, isto apesar de os trabalhos só se terem dado por concluídos anos depois, e onde trabalharam os mestres canteiros e escultores João Machado, Rodrigo Costa, Costa Mota, António Gomes e os irmãos Luís, Júlio e José da Fonseca.
Carvalho Monteiro, deixou a imaginação fértil do italiano espraiar-se pelo exterior, quer na rendilhada Capela da Santíssima Trindade com a sua enigmática cripta, quer nos ambíguos poços iniciáticos – ou torres invertidas –, nos subterrâneos com os seus lagos e cuja entrada se encontra resguardada por um par de esculturas reptilianas e na Gruta de Leda com o Ciane. Os jardins e parque botânico encontram-se repletos de recordações metafóricas que se encontram, sem dúvida, em estreita harmonia com a Filosofia da Natureza, dotando o espaço de Carvalho Monteiro num verdadeiro genius loci.
QUINTA DA REGALEIRA
Sintra Mountain Range
Heritage of fundamental value of the Cultural Landscape of Sintra
If, in Sintra, the Sassetti “cottage” was the first scenario designed by Manini, his major operatic scenario is to be found in Quinta da Regaleira, purchased from the Baroness of Regaleira by Carvalho Monteiro in 1892. There, as an architect, Luigi Manini proved himself to be a great interpreter of the programmatic ideology of his principal’s nationalist views and was largely responsible for the permanence of its Manueline decorative forms. This great scenario designed for the Regaleira of Carvalho Monteiro − inspired by other scenarios he had painted for the São Carlos theatre, particularly for Wagner’s operas − was displayed in its full plenitude in the petrification of the scenography.
This 20th century palace, built in stone masonry, indelibly marked the demise of the neo-Manueline as a leitmotiv of stylistic revivalisms. Access to the "Bride’s Wedding Cake" as it is commonly known, is through a porch adorned with grotesques bearing a banner which reads: Salve. This is surmounted by a polygonal body crowned with decorated pinnacles. Attached to this is a parallelepiped wing in which a multiplicity of neo-Manueline references is clearly in evidence, as well as on the towers atop its uneven roofs. Its southern elevation contains a repetition of the laudatory inscription on the corbel known as the Rapariga dos Pombos which is generally accepted as being his firstborn granddaughter and the same wall evokes Carvalho Monteiro’s original construction: This house was built in the year of our Lord 1910. This notwithstanding the fact that the works of the master stonemasons and sculptors João Machado, Rodrigo Costa, Costa Mota, António Gomes and brothers Luís, Júlio and José da Fonseca were only completed several years later.
Carvalho Monteiro allowed the Italian’s fertile imagination to run unfettered on the outside of the house. This is visible either in the stone lacework of the Chapel of the Holy Trinity and its enigmatic crypt or the mysterious initiation wells (or inverted towers), in the underground labyrinths and lakes whose entrance is guarded by a pair of reptilian sculptures in Leda's Grotto with Zeus Leda's Grotto with Zeus transformed into a Swan. The gardens and botanical park are full of metaphorical recollections that are undoubtedly in close harmony with the Philosophy of Nature, making this, Carvalho Monteiro’s space, a true genius loci.
