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Histórico-Artístico

PALÁCIO NACIONAL DE SINTRA

Sintra

Património indexado como valor fundamental da Paisagem Cultural de Sintra

O primitivo paço foi muito provavelmente construído durante o reinado de D. Dinis, os mea palacia, mencionados na documentação. Mas não há dúvidas que o principal fautor do paço real de Sintra foi D. João I, em cerca de 1400, quando custeou uma campanha construtiva sob orientação do mestre de obras de pedraria João Garcia de Toledo. Nessa grandiosa campanha de obras edificou-se a chamada ala joanina – que hoje constitui o corpo central do conjunto palatino –, cujo piso nobre, exibindo janelas de influência mudéjar, se ergue sobre arcaria gótica, bem como se construíram as suas colossais chaminés.

Já nos princípios do século XVI, com D. Manuel I, foi ereta a denominada ala manuelina, talvez orientada pelo arquiteto Diogo Boitaca. Destaca-se também, deste reinado, a construção da Sala dos Brasões, cuja volumetria cúbica se impõe sobre o edificado. Data igualmente dessa campanha a colocação dos lambris azulejares de influência mudéjar – com primeiros vestígios que poderão remontar ao reinado de D. Dinis e à primeira metade do século XV – provavelmente fabricados, na sua grande maioria, num centro manufatureiro em Belém, recordando também o carácter exclusivo dos azulejos com esfera armilar, a empresa pessoal do “Venturoso”. No reinado de D. João III, construiu-se o corpo saliente entre as alas joanina e manuelina, o corpo que arranca do pátio de Diana, o pórtico e a escada helicoidal a ele conducente. O paço sofreu avultada ruína aquando do terramoto de 1755, tendo-se efetuado importantes obras de restauro e a edificação da ala que vai do denominado jardim da Preta ao pátio dos Tanquinhos.

O Palácio Nacional de Sintra apresenta hoje uma planta complexa, podendo integrar-se no conceito de “arquitetura orgânica”. O edifício apresenta volumetria escalonada constituída sobretudo por paralelepípedos, sendo a cobertura efetuada por múltiplos telhados diferenciados a quatro águas. O alçado principal, apresenta-se organizado em três corpos, sendo o central mais elevado e recuado relativamente aos extremos, sendo visível no seu piso térreo arcaria, composta por quatro arcos quebrados, encimada, no andar nobre, por cinco janelas maineladas. O remate deste corpo é efetuado por cornija merloada imposta já no século XVIII, acentuando o carácter mudéjar do paço. A designada ala Manuelina, ligeiramente recuada em relação a este alçado, desenvolve-se em dois andares ritmados pela abertura de janelas com abundante decoração vegetalista em relevo. As restantes frentes do edifício apresentam uma complexa articulação de corpos salientes e reentrantes. A compartimentação interna processa-se através de núcleos, de planimetria e volumetria irregulares, organizados em torno de pátios e de pequenos jardins que se interpenetram no edificado.

SINTRA NATIONAL PALACE

Sintra

Heritage of fundamental value of the Cultural Landscape of Sintra

The original palace, referred to in documents as mea palacia, was most probably built during the reign of King Dinis. There is, however, no doubt that the principal mentor of the Royal Palace of Sintra was King João I, circa 1400, when he financed a construction project superintended by master stonemason João Garcia de Toledo. This grandiose works project saw the construction of what is referred to as the Joanine wing which nowadays comprises the central body of this palatine ensemble whose great hall with its mudéjar style windows, sits atop a gothic archway. Its colossal chimneys were also built at the time.

The palace’s Manueline wing was built in the early 16th century, in the reign of King Manuel I, possibly under the supervision of the architect Diogo Boitaca. This reign also particularly included the construction of the Coat-of-Arms room the sheer hugeness of which dwarfs the rest of the building. Also dating from this project were the mudéjar tile wall panels, the first traces of which may date back to the reign of King Dinis and first half of the 15th century. The vast majority of these tiles were probably manufactured in Belém, making reference to the exclusive character of the tiles bearing the armillary sphere, as in the personal ex libris of the "Fortunate King". The wing protruding between the Joanine and Manueline wings, starting in the courtyard of Diana, portico and helical staircase leading up to it were built in the reign of King João III. The palace was badly damaged by the earthquake of 1755 following which major restoration works were carried out as was the construction of the wing extending between the Jardim da Preta to the courtyard housing the Pátio dos Tanquinhos (courtyard of the water tanks).

The National Palace of Sintra of today is complex in design and may be roughly described as "organic architecture". The building has been divided up into various parts. It mainly consists of parallelepipeds with a multiplicity of different hipped roofs. Its main façade comprises three wings, whose central wing is the steepest and is slightly recessed relative to its extremities. Its ground floor comprises four pointed arches surmounted by the palace’s great hall with its five mullion windows. This wing terminates in a cornice whose merlons, which enhance the palace’s mudéjar characteristics, were erected in the 18th century. The Manueline wing is slightly recessed in relation to this elevation and comprises two floors evenly interspersed by windows, abundantly decorated with vegetal motifs in relief. The other façades of the building comprise a complex articulation of protruding and recessed wings. The rooms inside the palace are irregular in shape and size and are positioned around the courtyards and small interconnecting gardens inside the building itself.