Esta moradia de residência privada de Raul Lino e por ele idealizada situa-se no antigo arrabalde da vila de Sintra, junto à encosta do Castelo dos Mouros, implantando-se num terreno irregular e rochoso de elevado declive, caracterizando-se pela existência de cotas diferenciadas.
O seu proprietário e projetista, o Arqº Raul Lino, desenha em 1907, um primeiro esboço respetivo, designando então o local como “A Pedreira”, sita em terrenos pertencentes ao seu pai. Em 1912-1914, decorre a campanha de obras da sua construção, com coberturas telhares e painéis azulejares desenhados pelo seu próprio proprietário e produzidos numa fábrica paterna em Telheiras, recuperando-se e reinventando-se elementos decorativos tradicionais, mantendo-se atualmente o imóvel ainda na propriedade familiar.
O edifício apresenta uma planta orgânica e naturalista de articulação volumétrica serpenteante de corpos estruturais com diversas morfologias, áreas e alturas, cobertas com telhados escalonados e diferenciados de número variável de águas, desenvolvendo-se em cinco pisos com caves e cobertura.
Exteriormente, caracteriza-se pela textura de reboco pintado, com panos murais rasgados por vãos de verga reta com moldura simples de cantaria, ao passo que a espacialidade interior se define pela centralidade axial de um vestíbulo desde o qual se desenvolve uma escadaria conducente aos pisos superiores e corredor em ângulo reto que comunica com todas as divisões do imóvel e determina a distribuição dos principais compartimentos.
Funcionalmente, encontram-se: no piso térreo, a zona de serviços concentrada a Norte e a zona social voltada a Oeste e Sudoeste, com sala de refeições oval e sala de estar octogonal; no primeiro piso, a zona privada localizada a Sul com acesso de corredor e compartimentos intercomunicantes. Adicionalmente, destacam-se ainda o jardim envolvente, uma arcada de volta perfeita em ângulo reto e uma varanda retangular com vãos arcares de volta perfeita.